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Arthur Guerra

"Não Acabou Não": A Última Cartada dos Derrotados nas Urnas


As urnas declararam um vencedor, mas isso não significa que o jogo terminou... Para os candidatos que se sentiram prejudicados por irregularidades no processo eleitoral, ainda resta uma poderosa ferramenta jurídica: a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).

Esse instrumento jurídico pode, em casos específicos, anular uma eleição e reverter o resultado, garantindo que a disputa seja justa de verdade.

Mas como a AIJE funciona e quais são as situações mais comuns em que uma eleição pode ser anulada? Vamos lembrar de exemplos recentes e entender melhor como essa última cartada pode virar o jogo.




O Que é a AIJE e Como Ela Pode Transformar o Cenário Eleitoral?


A AIJE, ou Ação de Investigação Judicial Eleitoral, está prevista na Lei Complementar nº 64/1990 e tem como objetivo investigar e punir condutas que comprometam a integridade de uma eleição. Quando há acusações de abuso de poder econômico, político ou de outras práticas ilegais, a AIJE oferece uma chance de corrigir o desequilíbrio, garantindo que a vontade popular não seja manipulada.

Se comprovadas as irregularidades, o vencedor pode perder seu mandato ou diploma, e a eleição ser anulada, abrindo caminho para um novo pleito ou para que outro candidato assuma a carga.


06 Exemplos Reais: Quando a AIJE Alterou o Resultado das Eleições


Diversos casos mostram que, mesmo após o resultado oficial das urnas, o cenário pode mudar. Aqui estão alguns exemplos recentes de AIJEs que resultaram na cassação de mandatos:

  • Pablo Marçal (São Paulo, 2024): candidato à prefeitura de São Paulo, enfrentou a possibilidade de cassação por abuso de poder econômico. O Ministério Público Eleitoral acusou de pagar pessoas para postarem conteúdo em redes sociais durante a pré-campanha, o que é vedado pela legislação eleitoral. A advogada eleitoral Juliana Bertholdi explicou que, embora Marçal não possa enfrentar ação criminosa, ele pode ter sua candidatura cassada caso as irregularidades sejam comprovadas após o processo eleitoral. Se eleito, ele pode se tornar inelegível por até oito anos.

  • Senadora Selma Arruda (Mato Grosso, 2018): ela teve seu mandato cassado por abuso de poder econômico e uso de “caixa dois” em sua campanha. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constatou que ela realizou gastos não declarados antes do início oficial da campanha, resultando na perda de seu mandato e convocação de uma nova eleição para a vaga no Senado.

  • Marcelo Crivella (Rio de Janeiro, 2021): o ex-prefeito do Rio teve seu mandato cassado por abuso de poder político e uso indevido de veículos de comunicação. Durante sua campanha, Crivella foi acusado de distribuir cargos e vantagens a líderes religiosos em troca de apoio eleitoral. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) decidiu pela cassação do diploma.

  • José Melo (Amazonas, 2017): o então governador do Amazonas perdeu o cargo após ser acusado de compra de votos durante sua campanha de reeleição. A Justiça Eleitoral comprovou que o uso de recursos não declarados influenciou diretamente o resultado das eleições, levando à anulação do pleito e à convocação de novas eleições.

  • Dr. Hélio (Campinas-SP, 2011): o ex-prefeito de Campinas teve seu mandato cassado por envolvimento em um esquema de corrupção e abuso de poder político. A AIJE revelou que ele usou máquina pública para beneficiar sua campanha, o que comprometeu a legitimidade da eleição.

  • Leonardo Augusto (Jacinto/MG, 2019): por abuso de poder econômico nas eleições de 2016. O TSE manteve a decisão, afirmando que a realização de showmícios e eventos parecidos com abuso de poder configurado, desrespeitando a legislação eleitoral. Esses eventos foram utilizados para promover a candidatura e captar votos de maneira irregular, o que maculou a legitimidade do pleito.



Esses exemplos mostram que, mesmo pra "gente grande", com provas robustas e uma investigação bem fundamentada, a AIJE pode mudar drasticamente o resultado de uma eleição.


Situações Mais Comuns que Levam à Anulação de Eleições


As eleições são anuladas por diversas razões, mas algumas situações podem ser mais frequentes nas AIJEs. Confira os motivos mais comuns:

1. Abuso de Poder Econômico

Quando um candidato utiliza recursos financeiros em excesso ou de forma não declarada, desequilibrando a igualdade na campanha. Casos de compra de votos, financiamento irregular e uso de empresas fantasmas para captação de recursos são frequentes nesse tipo de ação.

2. Abuso de Poder Político

O uso da máquina pública em benefício de um candidato é uma prática comum que pode comprometer a lisura de uma eleição. Governantes que utilizam programas sociais ou recursos públicos para angariar votos, como no caso de Marcelo Crivella, são frequentemente alvos de AIJE.

3. Propaganda Eleitoral Irregular

A utilização de meios de comunicação, seja por meio de apoio desproporcional à imprensa ou pela disseminação de notícias falsas, é outra causa frequente de anulação de eleições. Isso ocorre quando os candidatos fazem uso indevido da mídia para manipular a percepção pública.

4. Distribuição de Bens ou Vantagens

Quando os candidatos distribuem bens como cestas básicas, materiais de construção ou até mesmo dinheiro em troca de votos, é considerado um caso claro de corrupção eleitoral. Esses casos são frequentes em campanhas locais e podem levar à cassação de mandatos.

5. Uso Indevido de Redes Sociais

Com a crescente importância das redes sociais nas campanhas, o uso indevido desses canais pode configurar irregularidade. Fake news, ataques sistemáticos a adversários e campanhas patrocinadas sem a declaração de dívida de recursos são exemplos de práticas que podem resultar na anulação de uma eleição.


O que fazer é suspeito de irregularidades?


Para quem participou de uma eleição e acredita que houve desequilíbrio no processo, a AIJE é uma ferramenta poderosa para garantir a justiça eleitoral. É importante agir rapidamente, pois os prazos para entrar com essa ação são curtos. Além disso, é fundamental ter em mãos provas consistentes, como gravações, testemunhos ou documentos que demonstrem o abuso de poder.

A Justiça Eleitoral tem sido marcada cada vez mais rigorosamente com os candidatos que tentam fraudar o sistema. Se você acredita que o processo não foi justo, essa pode ser sua última cartada para mudar o resultado.

Reúna as provas, consulte advogados especializados e não perca a oportunidade de fazer valer seus direitos. Afinal, a eleição pode não ter terminado ainda.



Perguntas frequentes

  1. O que é AIJE?  A AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) é uma ação judicial destinada a investigar irregularidades em campanhas eleitorais, como abuso de poder econômico ou político, que podem levar à anulação das eleições.

  2. Quem pode propor uma AIJE?  A AIJE pode ser proposta por candidatos, partidos políticos, coligações ou pelo Ministério Público Eleitoral.

  3. Quais são as principais razões que levam à anulação de uma eleição?  Fraudes, através de Abuso de poder econômico, político, uso indevido dos meios de comunicação, compra de votos e propaganda irregular são os motivos mais comuns.

  4. Como uma AIJE é julgada?  A AIJE é julgada pela Justiça Eleitoral, que analisa as provas apresentadas e pode decidir pela cassação do diploma do eleito ou pela convocação de novas eleições.

  5. Qual o prazo para entrar com uma AIJE?  A AIJE deve ser proposta até a diplomação do candidato eleito, que ocorre logo após a apuração oficial dos resultados.



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